No Brasil, a cada 2 minutos uma pessoa morre em decorrência da morte súbita. Por ano, são 300 mil brasileiros acometidos pela doença.Com incidência maior no sexo masculino, em 80% dos casos a morte súbita está relacionada com a doença arterial coronariana – entre 80% a 90% dos casos de morte súbita são provocados por arritmias cardíacas.
Sua maior prevalência se dá na faixa etária entre 45 e 75 anos. No entanto, ela também acomete pessoas na faixa etária mais produtiva da vida e de muitos atletas, geralmente jovens e saudáveis.
Exemplo clássico de que uma arritmia pode levar à morte súbita é o caso do jogador Serginho, do São Caetano do Sul, que morreu durante uma partida de futebol, em 2004.
Mais recentemente, a jogadora da Seleção Brasileira de Vôlei Feminino Dani Lins foi diagnosticada com arritmia cardíaca, decorrente de uma virose – provavelmente uma miocardite; infecção do músculo do coração.Tratada e observada, a atleta teve o problema superado e voltou à prática esportiva. No entanto, em alguns casos mais severos, e caso seja um atleta é de alto desempenho, pode ser necessária a interrupção da prática esportiva.
Baixo risco para a prática de exercício físico em portadores de CDI
Durante o Heart RhythmSociety (HRS) 2012, congresso internacional sobre arritmias cardíacas, foi apresentado um estudo sobre a segurança da prática esportiva para atletas portadores de Cardioversor-Desfibrilador Implantável (CDI), cuja finalidade é converter todos os episódios de fibrilação ventricular (FV) ou taquicardia ventricular (VT) através de um choque de desfibrilação para o coração.
Um grupo de médicos, liderados por Rachel Lampert, professora de medicina da Universidade de Yale, anunciou o estudo prospectivo na sessão “Segurança do Esporte para pacientes com CDIs: Resultados de um registro prospectivo multinacional”.
Dados do Estudo
Do total de 372 pacientes, 328 praticavam atividades competitivas, em sua maioria, corrida, basquete e futebol, enquanto outros 44 realizavam esportes de maior risco e 138 participavam de torneios em diversos níveis. Durante 31 meses não houve morte ou trauma relacionado a choque ou arritmia. Deste total, 97%, no final do quinto ano de implante, e 90 %, no final do décimo ano, permaneceram com eletrodos íntegros (com funcionamento normal), ou seja, uma taxa semelhante a não atletas portadores de CDI. Apenas 7 atletas apresentaram parada cardiorrespiratória, revertida com sucesso pelos choques do CDI, enquanto 9% dos pacientes apresentaram choques. A maioria manteve a prática das atividades mesmo após a terapia.
“Este registro abre novos horizontes para a melhor compreensão da história natural das doenças desses pacientes, bem como novas perspectivas no tratamento de atletas não só prolongado a sobrevida, mas também preservando a qualidade de vida”, avalia do Dr. Bruno Valdigem, especialista em Eletrofisiologia Clínica e Invasiva pela Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas/SOBRAC e pela Universidade Federal de São Paulo/Escola Paulista de Medicina.
Para os cardiologistas e ritmologistas Adalberto Lorga Filho, Presidente da SOBRAC (Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas), e Bruno Valdigem (membro da SOBRAC), que participaram da sessão científica do HRS2012, “o estudo mostra que é possível a realização de práticas esportivas por portadores de CDI, sem que haja maiores prejuízos ou riscos ao paciente. Entretanto, cada caso deve ser avaliado individualmente, e discutido os prós e contras com o paciente”.
Fonte: Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (SOBRAC).